IBOVESPA a 100 mil pontos. E daí?

Por Otmar Schneider e Helon Florindo


Nos últimos dias temos ouvido falar bastante de duas coisas: 

1) Que o índice Bovespa bateu os 100 mil pontos; e
2) Da Betina... Bom, sobre isso, não vamos conversar. Não vale a pena.

Demoramos um pouco para escrever sobre o "marco histórico" simplesmente por opção. Todo mundo falou sobre isso, comemorou e surfou essa audiência com a euforia de final de Copa do Mundo.

Provavelmente essa subida esteja muito ligada à expectativa do mercado quanto às reformas econômicas que prometem ser implantadas no futuro próximo.

No entanto, 2 dias após o "efeito 100K", já tivemos aquele "soluço" pós-ressaca. Anunciada a Prisão do Ex-Presidente Michel Temer, o IBOV cai 1,34% no fechamento do dia, tendo uma queda a 95.508,05 pontos na mínima do dia, conforme o Google Finance em 22/03/2019.

Fonte: Google Finance em 22/03/2019

Então, o que podemos dizer sobre o fato de estar no topo histórico e o que isso tem a ver com o pequeno investidor no mercado de capitais? Em resumo muito pouco. Permita-nos explicar o nosso posicionamento.

É preciso entender que o mercado é formado por pessoas. Essas pessoas são otimistas e pessimistas sobre um mesmo fato. Há quem diga que a bolsa "está no topo" e que não é a hora de investir. Há quem diga que a Bolsa irá chegar ao 125 mil pontos com a entrada de estrangeiros, portanto é a "hora de entrar, porque a tendência é positiva". 

Da mesma forma, há quem diga que "a margem de segurança secou" e que "não é a hora de entrar na Bolsa". Que as ações "estão caras" e que "o melhor é esperar..." E agora, José? 

Entendemos que o comemorado marco dos 100 mil pontos é nada mais que isso - um marco. Para o investidor que tem o objetivo da formação de patrimônio no longo prazo, geração de renda passiva e, principalmente, a filosofia de manter-se sócio de excelentes negócios, nada muda.

A única coisa que o índice nesse patamar nos mostra é que a cotação das ações que o compõem, em sua maioria, subiram. Ué? Não foram todas? Claro que não!



Existe um ditado que diz que "quando a maré sobe, todos os barcos sobem". A maré subiu. Haviam barcos flutuando no ancoradouro. Os barcos que estavam sem amarras ou com as amarras frouxas, subiram. Os que estavam com amarras rígidas, encheram de água, foram engolidos e afundaram.

O que queremos dizer com isso? Durante as crises, as empresas precisam tomar decisões e implementar ações para serem mais eficientes. Elas precisam fazer mais (produzir e gerar lucro) com menos (recursos humanos e financeiros).

Nessas épocas difíceis, as empresas tendem a se voltar ao seu "core business" (aquilo que é a sua razão de existir), enxugar os seus quadros e investir em análise dos seus processos. Elas se livram do peso extra que estavam carregando na época de bonança. A crise depura o mercado. Ela tira do cenário o que não agrega.

Quando a maré sobe, as empresas que se prepararam aproveitam sua vantagem competitiva criada na crise, no ambiente mais favorável, iniciando um novo ciclo.

Os negócios que não possuem eficiência, por diversos motivos, sofrem.

Por isso destacamos a importância de saber escolher ativos com características que se encaixem no conceito da ANTIFRAGILIDADE de Nassim Nicholas Taleb. De uma forma bem simples, é antifrágil aquilo que se beneficia do caos. É o que sai melhor do que quando entrou em um evento ruim.

Esses são os ativos que precisamos ter nas carteiras de investimentos previdenciários - ativos que, no longo prazo, têm o poder de se beneficiar com as crises de modo a, com uma gestão eficiente e outras características, tornarem-se melhores.

Entendemos que a importância desses eventos de alta e de baixa são naturais do mercado de capitais e que a única forma de se beneficiar com eles é investindo em CONHECIMENTO e informação de qualidade para analisar os cenários, os ativos e aproveitar os momentos como eles se apresentam, sem depender da interpretação de terceiros.

A euforia pode machucar o pequeno investidor pouco ou mal informado, fazendo-o "entrar na alta" exatamente no momento em que os juros pagos pela renda fixa estão caindo ou andando de lado. Essas mesmas pessoas irão sair do mercado no pânico quando houver uma perda que ela nunca vivenciou.

Faz parte do cabedal do investidor a preparação psicológica e a convicção inteligente da escolha de sua estratégia de investimentos para manter o seu plano e tomar as suas decisões.

Concluindo, se há algo que se deve tirar do marco histórico dos 100 mil é que não há momento melhor para trabalhar, poupar, estudar e investir do que agora, seja para começar a investir com segurança ou para acompanhar os seus investimentos com clareza e objetividade. 

O bom momento do agora não é por conta do marco histórico alcançado, mas sim porque quanto mais cedo você começa a investir, mais você aproveita o efeito dos juros compostos a seu favor. No fim das contas seu patrimônio aumenta em função dos juros compostos através dos anos. Com o aumento patrimonial, aumenta também a renda passiva por ele gerada e sua sensação de independência. Afinal, o objetivo é investir e FIIcar tranquilo!

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