Ter previdência ou ser previdente? (parte 1 de 3)



Por Otmar Schneider e Helon Florindo


"Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos"
                                                                                                     (Shakespeare)
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Você sabe o que é a previdência social? Você sabe para o que ela serve? Você conhece outras formas de previdência, além desta, no Brasil? Neste artigo vamos te explicar o assunto, bem como a importância da previdência para os brasileiros, além de apresentar as alternativas existentes e discutir os riscos envolvidos.

A previdência social é um seguro social no qual o trabalhador participa, de forma compulsória (obrigatória) com contribuições mensais. O objetivo é garantir ao trabalhador uma renda para quando ele não puder mais trabalhar. A tão sonhada aposentadoria! Se você ainda não sabe a diferença de aposentadoria e liberdade financeira, leia o nosso artigo que falamos sobre isso clicando aqui.

Mas não é apenas isto. Como seguro social, ela também protege o trabalhador em caso de afastamentos do trabalho por motivos de doença, salário maternidade, pensão por morte, só para citar alguns benefícios.

Em teoria, é isso. Tudo parece perfeito, mas só lá no reino da Dinamarca mesmo!

A Previdência social no Brasil se confundiu com a seguridade social no texto da Constituição de 1988. A previdência, ou seja, o pagamento de pensões a aposentados, virou um braço da rede de segurança social da população toda.

Isso é percebido no Artigo 194 da CF/88:


Art.194 A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.” (grifo nosso).

Traduzindo: o sistema de seguridade social compreende a saúde, previdência e assistência social. Assegurar a saúde significa disponibilizar o tratamento completo da saúde do indivíduo. Assistência social é garantir uma renda mínima ao cidadão sem que ele tenha a obrigação de contribuir para o sistema. À previdência cabe, com a sua arrecadação, pagar todos os itens acima.

Por onde o dinheiro entra, então:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;b) a receita ou o faturamento;c) o lucro.II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;" (grifo nosso)

Ou seja, a empresa recolhe, o empregado recolhe, o beneficiário (em geral) não recolhe. Os recursos vão para a seguridade social e não exclusivamente para a previdência (não paga apenas a aposentadoria de quem já contribuiu, mas sim diversos outros benefícios). Não vamos discutir o mérito de justiça ou de eficiência. Isso é pessoal e nada acrescenta na mensagem que vamos trabalhar. A reflexão é outra.

O que te chamamos a pensar é sobre a sua posição nessa coisa toda. A coisa mais importante a se tirar desse artigo é trazer a reflexão sobre como mudar a SUA situação atual, garantindo o seu futuro e da sua família. 

Egoísmo? Não. Também nos preocupamos com as pessoas e a nossa contribuição é, exatamente, trazer todos à reflexão para a independência de fatores externos. É assumir as rédeas da sua vida.

Qual a sua posição, neste modelo? Cada um de vocês, leitor, está em uma determinada posição agora, neste exato momento.

Você conhece o conceito de pirâmide financeira? Pirâmide financeira é um modelo não-sustentável que depende basicamente do recrutamento progressivo de outras pessoas para o esquema. As pessoas que entram no sistema contribuem, de alguma forma, para que as pessoas que estão no topo recebam algum benefício. Isto se parece com algo que você conhece? 

Claro que não estamos aqui acusando o Governo de pirâmide financeira, pois os compromissos dele são normalmente honrados, ainda que esteja deficitário, pois o Governo pode emitir dívidas e imprimir dinheiro. 

A reflexão aqui é outra: como não há sustentabilidade nesta relação, como a cada dia que passa as pessoas vivem mais e têm menos filhos, o Governo tem que mudar as regras do jogo quando chega perto da insolvência. Nisto, todos os envolvidos no sistema são afetados. E já chegamos e saímos inúmeras vezes dessa situação...

Você está no topo, na base ou no meio da pirâmide? Recebe ou apenas sustenta o sistema?




Estamos em tempos de reforma de previdência. Todos nós estamos pagando, de uma forma ou de outra, pelas decisões de outras pessoas. O futuro  de milhões está nas mãos de poucas pessoas em cargos no governo. Também não foi a primeira e não será a última vez que haverá uma reforma da previdência. Nem de perto! E cada dia mais as regras ficarão mais rígidas para quem quiser se aposentar.

Ninguém está livre do impacto: militares, servidores públicos, CLT, pensionistas... Todos nascidos e a nascer estão sendo impactados de alguma forma.

Isso acontece porque essas pessoas, de boa fé, obrigadas por força de lei, contribuíram para o sistema e o sistema falhou com elas. Se tornou insolvente, mais uma vez. Agora o sistema está tentando corrigir o erro, se adaptar à nova realidade. Estão tentando trocar o pneu do carro com ele em movimento! Isso vai gerar outras consequências.

Você sabe quantas reformas da previdência o Brasil teve nos últimos 30 anos? Não? 

O Brasil já fez 6 reformas da previdência desde 1988! Não vamos entrar aqui em detalhes, basta pesquisar no google ou no link da matéria do Estadão que está postada aqui.

Mas será que o povo brasileiro é um povo que não sabe poupar, conseguir as coisas por meios próprios, ao invés de se endividar para comprar o que deseja? Não consegue fazer a própria previdência porque é imprevidente? Vale aquela máxima de que "só conseguimos poupar quando temos uma prestação, algo para pagar mês a mês, pois não temos disciplina suficiente, como povo, para juntar um patrimônio com o próprio esforço? Qual o perfil do investidor brasileiro? Vejamos.

Perfil do investidor brasileiro 

Sugerimos que você leia o artigo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. sobre o RX do investidor brasileiro com dados coletados em 2017 e publicada em 2018.

Nele, a ANBIMA apresenta que apenas 45% da população disse conhecer um ou mais tipos de produtos, com destaque para a poupança, que foi citada por 32%.

Até aí, tudo bem. O problema não é nem o destino desse "investimento", mas a eficiência do rendimento do investimento.


Fonte: ANBIMA

Ainda que menos da metade das pessoas tenha a perfeita noção de que precisam reservar recursos, grande parte dele vai para acumulação em a caderneta de poupança e depois para algo que não gera renda passiva. Não diversifica as fontes de renda. Não gera fluxo de caixa.

O máximo que essas pessoas conseguem é proteger minimamente o poder de compra do dinheiro, mas não fazem o bolo crescer.


"Para o investidor brasileiro, a segurança é o principal motivo que o leva a investir. Ele não enxerga os produtos financeiros como uma forma de maximizar o patrimônio ou auferir ganho, mas como uma maneira de guardar o que economizou em um lugar seguro, que é como enxerga as instituições financeiras. A motivação pela segurança é unanimidade: aparece em primeiro lugar em todas as faixas etárias, as classes sociais e os níveis de escolaridade." Fonte ANBIMA.


Fonte: ANBIMA

Ao contrário do que se pensa, o problema do brasileiro não é falta de educação financeira. É falta de conhecimento financeiro. Ele sabe poupar, ele não sabe onde e porque poupar, o principal de tudo. 

Somente 16% dos entrevistados parecem ter o objetivo de fazer o bolo crescer. (retorno da aplicação), mas não fica claro o destino dado ao crescimento. 

Outro dado muito interessante é onde o investidor se informa. Observe:

Fonte: ANBIMA

O gerente de banco é a principal fonte de informação do investidor pessoa física. Como falamos anteriormente, isso não é um problema. Ao contrário, é absolutamente legítimo, afinal, o gerente deve ser a pessoa capacitada a resolver esse caso.

Ocorre que, mais de uma vez, alertamos que o banco (ou a corretora de valores) é uma loja e o gerente (ou o corretor) é um vendedor. Você precisa saber quando o negócio é bom para você. Ele quer te ajudar, presumimos que com toda ética, mas só você sabe o que quer.

Reflete conosco: 
  1. Pouco menos da metade (45%) dos brasileiros investe em alguma coisa;
  2. A maioria deles tem objetivos claros para o investimento;
  3. Existem meios de acesso à informação.
Onde está o erro já que os resultados mostram que a maioria das pessoas está endividada e sem esperança de garantia para o futuro?

A resposta é simples: Elas desconhecem no que investem e a taxa de poupança é pequena

Juntando os argumentos...


Cabe ao governo garantir a todos o básico. O sistema de seguridade social, até que seja alterado, tem essa finalidade. Ainda que ocorra uma imensa reforma na previdência, o problema não são as pensões somente, e com tudo que se gasta. 

O problema é que o sistema tem mais saídas do que entradas.  Governo está tentando equilibrar o sistema apertando quem paga. Essa foi a NOSSA opção ontem, hoje e será amanhã. Isso não está sob a sua capacidade individual de mudar. Isso é uma mudança coletiva, lenta e dolorosa.

No entanto, você tem 100% do controle sobre as suas finanças, seus hábitos de consumo e do que você quer (não o que vai receber) no futuro. A mudança de rumo está nas suas mãos. Toda decisão que você toma hoje, tem um reflexo amanhã.

Insistimos que o primeiro investimento é em conhecimento. Antes de comprar sua primeira ação, seu primeiro fundo ou seu primeiro imóvel, entenda o mercado e as possibilidades. Saiba o que tem dentro de cada "caixa preta" com um etiqueta bonita.

investimento em uma carteira previdenciária, ou seja, a acumulação de ativos de valor que gerem renda passiva, a construção de patrimônio de forma gradativa e o poder dos juros compostos ao longo dos anos, são a sua única esperança.

Não existe milagre financeiro. Comece pequeno, mas comece logo. Direcione parte do seus ganhos mensais para sua reserva em ativos. Sua previdência deve vir de fluxo de caixa proveniente de investimentos eficientes.

Não é raro que uma pessoa, ao querer adquirir um bem, como um veículo, passe horas no Youtube, lendo sobre, conversando com amigos ou buscando informações sobre os dados técnicos do carro. A pessoa sabe mais do que o vendedor na hora da compra.

Mas na hora de lidar com dinheiro, ele(a) para no nome do investimento e na promessa do vendedor. Ele(a) não lê, não se informa mais detalhadamente. Compra um "Fundo" e não sabe o que tem dentro. Não sabe quando leva gato por lebre.

Nota-se então que o problema do brasileiro é, principalmente, comportamental com relação às finanças. O brasileiro poupa, pois sabe que isto é necessário. Pesquisa sobre os produtos e serviços que deseja adquirir. Mas com relação às finanças, confia no gerente do banco ou na dica do amigo que comprou um carrão novo recentemente com o investimento do momento!!

Se ao sentar com o gerente, fonte principal de informação do brasileiro, o(a) nobre investidor(a) fizesse 3 perguntas simples - O que tem nesse investimento? Qual o rendimento histórico real livre de impostos e taxas (a cada 100 reais investidos, quanto efetivamente caiu na minha conta)? Esse investimento gera fluxo de caixa periodicamente? - já vai filtrar 90% do que é oferecido.

Por hoje é só! Acompanhe mais essa série de artigos para decidir melhor o que fazer com sua previdência. 

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Invista e Fiique Tranquilo!!

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